sexta-feira, 27 de abril de 2007

Desabafos

Um dos propósitos deste blog era o dos desabafos.
Pois aqui vai um..

Começar é o mais difícil, não sabes como não sabes por onde, tanta coisa te atravessa a cabeça. Tantos pensamentos que não consegues pegar em apenas um para tentar “desmontá-lo”. Sim desmontá-lo, veres todas as suas pequenas falhas e racionalmente dar cabo dele para que não te incomode mais, para se saia duma vez da tua cabeça e não volte nunca mais.
Todos dias (ou quase) recebemos mails com mensagens positivas e lições de vida. Quase sempre as ignoramos ou nem sequer abrimos. Com o passar do tempo quem nos envia esse tipo de mails vê-os automaticamente ignorados. Quem nunca fez isto que atire a primeira pedra. ;)
Algumas dessas mensagens dizem-nos que os nossos problemas por muito maus que nos pareçam são afinal muito pequenos, porque há alguém com um doença degenerativa qualquer, daquelas mesmo cruéis, que está a morrer e mantém uma atitude positiva e tal.
É claro que é mau, eu própria tento relativizar os meus problemas e às vezes os dos outros dizendo-lhes e lembrando-me que há gente que morre de fome neste preciso momento.
Mas isto nem sempre pega. Há dias de egoísmo extremo e extremista.
Ouves estas histórias, tentas até obrigar-te a lembrar delas, mas o que ouves é blá-blá-blá.
Tás lixada com F grande, a vida não te corre bem, não como tu querias. Disseram-te que quando as coisas não te correm como queres tudo descamba e que te vais abaixo. Mas bolas, que há de errado nisto? Não é normal ficar frustrada quando aquilo que queres e para o qual trabalhas não resulta? Quando tentas manter uma atitude positiva e fazes os possíveis para andares bem disposta e do outro lado vês que há alguém que não quer nem saber, mas que te cobra se andares mal disposta.
Afinal quem é egoísta nesta história?
Quem tenta estar lá, é egoísta porque o que faz só o faz para se sentir bem?
É esta a forma como os cínicos vêm os outros?
Quando estão em baixo são egoístas porque querem atenção e apoio e sabe-se lá mais o quê.
Quando estão a tentar manter uma boa atitude só o fazem para se sentirem bem?
É triste ser cínico então. Nunca nada estará bem, nunca se vai acreditar em nada e nunca se vai dar valor ao que se tem e a quem está connosco.
Claro que, por vezes, lá muito de vez em quando se apercebem e por breves momentos valorizam o que os rodeia. Mas é Sol de pouca dura, depressa a agressividade passiva de quem não acredita em nada volta.
Agressividade passiva de quem não acredita em nada, nada valoriza e que, ao mesmo tempo procura sistematicamente provas, exige-as até, sempre passivamente, com a máscara do “não quero saber” mas que tudo analisa e procura os mais pequenos sinais de que o seu cinismo tem razão de ser. Com o punho do silêncio levantado e os olhos a brilhar de ódio e frustração. Mas sempre em silêncio.
Um silêncio doentio destrutivo e auto-destrutivo. Uma espiral descendente auto-alimentada.
Não se aprende com vida? Não se aprende que colhemos os que semeamos? Não se vê isso todos os dias? Podemos não o ver de forma imediata naquele estafermo que no trabalho depois de tantas ter feito, já nos incomoda só por existir. Mas o castigo está lá, pode estar guardado, mas um dia chega. Voltando aos ditados populares, antigos e quase sempre com a sabedoria de quem viveu muito mais que nós, “cá se fazem, cá se pagam”.
Assim tentei desmontar um pensamento. Espero que não volte mais. Lembra demasiado o cinismo e atrai mais ideias negativas. E ninguém precisa dessas a assombrar.
O difícil agora é saber o que fazer a seguir, como vais viver o resto do teu dia? Ainda encontras em ti alguma esperança?
Desmontar um pensamento cansa. Vais ver que depois de descansar encontras.

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