As mulheres derretem-se com um homem que não se canse de as beijar

O que me assusta nos homens mais velhos (…) são os beijos. As bocas mais velhas não beijam da mesma forma que as novas, e não é pela falta de dentadura – é que a elasticidade perde-se.

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Os beijos são meio caminho andado. Neste caso, comido. Uma mão cheia de bons beijos é como uma mão-cheia no sítio certo… Uns beijos bem dados acumulam mais humidade do que um passeio na serra de Sintra.

A primeira vez que troquei uns beijos foi no liceu. (…) O rapaz em questão tinha uns lábios muito finos, de onde normalmente só saem pequenos jactos de saliva. É aborrecido quando isto acontece, e não temos à mão aqueles sugadores que os dentistas utilizam (…)

Neste longo caminho do boca a boca que a idade nos proporciona tive de tudo: hálitos que me afastaram do alvo, dentição inapropriada para consumo, lábios finos que não escolhem caras e, claro, as tais bocas frouxas que a idade castiga.

Desde cedo ouvi que os homens enaltecem as qualidades da boca carnuda das mulheres. Mas não era pelos beijos, meus amigos. A tal boca carnuda era apelidada (já nos tempos do liceu) de «boca brochista». Mais de metade dos homens que conheci não gostam de beijar, por isso a boca é analisada pelo seu diâmetro e capacidade de sucção. Beijos para quê? Isso é coisa de mulheres… Eu, para os homens que não têm «boca de brochista», aconselho um bocadinho de silicone. Talvez eles não saibam, mas uma boca fina e frouxa é como uma pila pequena e murcha. As mulheres derretem-se com um homem que não se canse de as beijar. Uma boa sessão de beijos, e elas estão dispostas a tudo. Depois a saliva desce até aos lugares apropriados e faz as delícias de qualquer um. Demorei algum tempo a descobrir o verdadeiro sentido da expressão «quem tem boca vai a Roma».

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Para os homens que desprezam os beijos e investem nos comprimidinhos de longa duração, cuidado. Muitas mulheres têm boa boca, mas não papam tudo.

O Sexo e a Cidália, NS', 22 de Abril de 2006